domingo, 3 de setembro de 2017

Eu tenho que ir!



Não dá mais, não me cabe no mesmo lugar. E foi você quem me colocou aqui. Agora me faz ir. Eu vou sem olhar para trás. Pois se eu parar para relembrar os motivos que me fizeram desistir, eu vejo o quanto eu deveria ter ido antes. Se o que eu sou não representa nada, se eu não sou o suficiente, se não consigo preencher os espaços deixados eu não vou insistir. 
Se você não é capaz de olhar e reconhecer o que te faz bem, sinto muito, mas já vou. Sem aviso, sem malas, até porque você não me deixou nada que eu pudesse carregar. Que ao longo do caminho acabaria pesando e pudesse me fazer ficar. Eu não queria virar as costas porque eu sei que quando dá a minha hora, eu vou embora e sem demora. E eu saio correndo que é pra não voltar. Que é pra não ter a chance de mais uma vez errar.
Eu não vou te explicar o que está acontecendo, você entendeu. Fingiu que não viu, que não leu no meu olhar. Dispensou o que era bonito e sincero para se perder. Que se perca sozinho. Porque eu tenho um lugar onde eu faço as contas do meu valor, onde eu tenho uma balança dos prós e dos contras, onde eu aceito a maturidade e a razão e percebo o quanto eu sou maior, e não mereço "migalhas dormidas do teu pão". Mereço não.
Foi por isso que eu sai correndo. Que é para você não me achar. Enquanto eu for o que você "precisa", enquanto você me ver como útil e não como alguém que você escolheria, não me ache. Se esconda por favor. Sempre ouvi conselhos sobre deixar o outro ir embora. Mas ir embora do outro também é libertador.
O caminho de ir embora começa do fim, quando a gente está cansado mas decide prosseguir. E no meio do percurso começamos a observar, percebemos as flores, e então entendemos que partir é deixar para trás, mas também é dizer "sim" para nós mesmos. É se dar a oportunidade de recomeçar.
O vento vem contra, bagunça o cabelo, seca as lágrimas no rosto de coisas que já passou. E a gente segue em frente! 
Como foi nas outras vezes ...


"...não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte." William Shakespeare

domingo, 6 de agosto de 2017

Deixa eu me explicar!




Sim, eu pensei milhões de vezes antes deste post, se eu deveria compartilhar com as pessoas, ou se eu estava tentando explicar para mim mesmo. Até chegar à conclusão que independente do motivo vai ser bom para mim! Então vai ter textão.
Porque eu decide que eu queria ser modelo GG de uma marca de lingerie? Não sei. Essa seria minha resposta. Mas por trás desse " não sei" existem outras respostas que eu sei muito bem e vocês não sabem. 
Hoje eu acredito que uma pessoa que tem distúrbio da autoimagem já nasce com esse transtorno e não o adquiri ao longo do tempo. Posso estar errada e não importo se eu mudar de opinião amanhã, mas hoje olhando para trás depois de anos de terapia com Deus e comigo mesmo, consigo perceber isso. Claro que a sociedade faz com que isso piore a medida do tempo, mas acredito que já nascemos assim. 
Então talvez eu tenha cansado de me sentir mais feia que todas as meninas desde o pré - escolar, de passar a adolescência na frente do espelho chorando por horas sozinha me perguntando porque eu era tão feia, de experimentar todas as roupas do guarda-roupa e decidir não sair, de deixar de ir nas festas que o cara que eu gostava estava porque naquele dia eu estava muito gorda, de ficar três semanas tomando sopa e suco sem comer mais nada, pra chegar na festa e ver o cara que eu gostava com outra muito mais magra que eu e que provavelmente tinha comido um pão antes de ir para festa, de ver minhas amigas comentarem de um certo dia bom e lembrar que aquele dia eu não estava porque eu me sentia feia de novo, de tentar contar a quantos anos atrás foi que eu tive um dia em que eu me vi no espelho e me achei bonita, de me ver tão gorda e ainda conseguir engordar mais 10 quilos (nada contra ser gordo ou magro, o importante é o que te faz bem e com saúde, que fique claro), de fazer mil dietas, de morrer de vontade de comer algo que eu mais gosto, de não me amar, de achar que ninguém vai interessar por mim, de não saber o que é autoestima... e tantas outras coisas  que me dá uma canseira como se eu tivesse subido uma escadaria só de lembrar e ter que escrever aqui. Quem vive isso sabe como é, não é drama, tem mulheres que passam por isso, mas cada um recebe e reage de uma forma, e há uma diferença muito grande entre acordar um dia com baixa autoestima e ter distúrbio de autoimagem. Eu não precisei de diagnóstico médico, inclusive demorei a descobrir qual o meu problema por não ter procurado ajuda profissional. Talvez se eu tivesse descoberto antes eu teria evitado muita coisa. E juro quando a gente consegue se abrir sobre esse problema para as pessoas, não é showzinho para ouvir:
"Você é linda"
"Você é linda do jeito que você é"
"Se valoriza"
"As pessoas que não enxergam sua beleza" 
"Sua beleza é diferente"
Sabe porquê? Porque nada que as pessoas vêm nos falar adianta, mesmo sabendo que é sincero das pessoas que nos amam de verdade. E essa é umas das coisas que nos faz sofrer, pois fica cada vez mais difícil para essas pessoas viver do nosso lado, elas cansam de tentar "levantar a nossa bola" sem ter resultados. Não é culpa delas e não é culpa nossa. 
Hoje eu sei lidar bem melhor com tudo isso, algumas coisas não acontecem com tanta frequência, muita coisa melhorou, está aí a foto para provar. Não vou ser hipócrita de falar que eu estou confortável com as fotos e o meu corpo. Não sei se é esse corpo que eu quero ter, se vou emagrecer, ou sei lá. Só quero mostrar para muitas mulheres e para mim que por mais que eu não esteja dentro dos padrões aceitáveis pela sociedade eu não preciso sofrer com isso, eu posso ser feliz! Eu estou tentando. Juro que estou! E isso já é um grande começo. Como foi difícil chegar até aqui. Essa é a parte I, gostaria de continuar escrevendo parte II... parte III... porque é muita história para contar. Mas não sei também se vou conseguir, porque quando nos expomos recebemos muitos elogios e críticas. Como já tenho recebido. E eu não sei até onde o meu psicológico vai aguentar tudo isso. Se me fizer mal eu vou parar. Se tudo der certo eu vou continuar! Obrigada por quem leu até o fim!


terça-feira, 2 de maio de 2017

A parte que não me cabe!


Queria saber explicar para mim mesmo o que se passa, mas nem eu sei, "alguma coisa acontece no meu coração”! 
Às vezes me sinto em um caminho tão longo, principalmente quando paro para contar a quanto tempo atrás eu imaginava o agora, e como eu o imaginava diferente! Como a vida fez questão de me mostrar que planejar é em vão. Como a vida se fez responsável em me mostrar que nada sei. 
Sinto-me tão jovem quando olho pra dentro de mim, quando percebo o que move as batidas do meu coração, quando a espontaneidade me toma conta e eu faço tudo errado. Amo errado, dou gargalhada na hora errada, falo a verdade na hora errada. Logo penso: que "menina" virada no avesso! 
Mas aí quando me vejo olhando para o lado de fora, me sinto velha, sem entender as pessoas e principalmente a forma como se relacionam. A forma como se tratam, a falta de valor, e a vontade das pessoas em ter VÁRIAS outras pessoas sobre seu poder de sedução, oportunismo e persuasão. Pra não entrar em detalhes sobre traição. 
O que acontece com essas pessoas? Então vêm as inúmeras perguntas que sempre vieram desde a adolescência. Será possível ser feliz com uma pessoa só? Todo mundo trai? Existem pessoas que se amam e se respeitam de verdade? Existe amor recíproco? 
Quando me lembro das respostas que a vida me deu e dá até hoje, parece que a resposta é "não” para todas essas perguntas. E quando observo as pessoas e como se comportam, tenho uma confirmação do tanto que hoje se fazem tão descartáveis. 
Eu já nem sei se acredito no amor, porque eu falo que sim, mas meu coração diz que não. Queria que fosse o contrário. A boca dizendo não, mas o coração dizendo que sim. Quando acreditamos somos bobos - quem nos classifica assim é essa mesma sociedade medíocre que citei agora a pouco, que usa as pessoas e depois joga fora, pra satisfazer seu ego sem se preocupar com o sentimento dos outros - Por outro lado não acreditar, nos deixa blindados. Com isso nos blindamos tanto das coisas ruins como das coisas boas. Pois não conseguimos distinguir no meio de tantas máscaras quem é quem, então anulamos toda possibilidade de aproximação independente de quem seja. A frase crucial é: "Não dá pra confiar”.
Essa cultura de "não vou ficar com uma, porque eu posso ter várias" ou então essa cultura de mau-caratismo de estar com alguém amando só nas redes sociais, para a família e sociedade, é LIXO. Por trás é tanta babaquice. Qual a necessidade de usar tanto o outro? Porque só satisfazer os próprios desejos?
É o que o sempre digo as pessoas simplesmente não se importam umas com as outras. E como é doloroso não ser importante, ainda mais quando não somos para quem nos importa! 
Eu também não sei finalizar esse texto, talvez porque eu ainda tenha inúmeras perguntas e poucas respostas. Porque entender eu acho que nunca vou conseguir, enquanto continuar dessa forma sempre será estranho pra mim. E de pensar que algumas vezes eu até tento encaixar-me nisso tudo, mas eu sempre volto machucada e infeliz. Porque essa atualidade não se enquadra na minha realidade e muito menos no que eu quero pra mim. 
E a gente sofre quando tenta fazer parte de algo que não fazemos parte!





sábado, 24 de setembro de 2016

Poli !



Quando Poli chegou para mim, ainda não era Poli, era só mais um cãozinho abandonado entre entre tantos outros. Magrinha com a barriga inchada de tanto verme. Eu e minha irmã a levamos para casa, se não tivéssemos escolhido cuidar dela, talvez aquele dia seria seu último dia com vida. Pedi a minha irmã que estava com mais tempo disponível que cuidasse dela para mim, pois fico o dia todo fora de casa. E ela fez muito bem, minha irmã é enfermeira, quem cuida de gente sabe cuidar de bicho também! Poli estava com anemia e desnutrida. Foram dias de luta, ela vomitava, não comia quase nada e não tinha forças. Então minha irmã teve a brilhante ideia de fazer soro e dar a ela na seringa durante o dia todo, além da vitamina que ela tomava receitada pelo veterinário para ajudar em sua recuperação. Aos poucos nossa cadelinha foi ficando mais forte, começou a brincar, ficar esperta e começou a se alimentar. (Essa "menina" comia), vocês não fazem ideia, a ração ficava 30 segundos no máximo dentro da vasilha. Ela era esfomeada. 

Mas bem, desde o dia que conhecemos Poli hoje faz 8 meses de história. Nós a encontramos no dia 15 de janeiro, e de lá para cá nossa vida mudou completamente, foi uma história de muito amor. Uma vez quando Poli ainda estava muito doente, nos primeiros dias, eu estava sozinha em casa, e eu a chamava e ela não levantava e nem abria os olhinhos, eu fiquei desesperada e comecei a chorar, com medo dela morrer. Então ali já pude perceber o tanto que eu a amava.
Cuidar da Poli foi umas das coisas mais lindas que já vivemos, é um mundo de ursinho, casinha, cobertorzinho, ração nova e ossinhos sem fim. Ela foi tão amada e seu olhinhos eram só gratidão! Meus pais que não tinha esses sentimentos por animais, apaixonaram por ela, com muita resistência no início (deixo claro que não foi fácil), pois até então ela ficaria uns dias, para ser adotada, mas na minha cabeça e da minha irmã a gente sabia que nunca mais ela sairia das nossas vidas. 
Ensinei Poli sentar, e esperar a gente entregar as coisas para ela, só para ela ficar mais educada, e falava baixinho no ouvido dela pra ela pelo amor que tinha a vida não latir (meu pai odeia latido, pensa num homem irritado quando um cachorro late?). Poli aprendeu a comer biscoito, coisa de idoso, meus pais são idosos, adoram roer um biscoito, e ela aprendeu com eles. Nas compras da padaria os pacotes de biscoitos aumentaram, sempre tinha o pacotinho dela. Ela ficava muito feliz com o barulho do plástico, sabia que seu biscoito tinha chegado.
No meio de toda essa convivência eu e minha irmã sempre fomos muito atentas, então vimos que Poli tinha algumas dermatites, que a  incomodavam muito, e passou a vomitar com muita frequência, mas pensamos que era resultado da sua pressa em comer e sair pulando igual louca. Um dia ela acordou com uma mania de fechar um olhinho só, era até bonitinho mas ficamos preocupados. Levamos ao veterinário para consultar e já resolver todos os outros problemas. Então o veterinário quis fazer o teste rápido de leishmaniose. E para nossa tristeza o teste deu positivo. Fizemos outro teste rápido, positivo de novo. Seguimos os trâmites da lei levamos a zoonose para o teste de laboratório. O resultado chegaria com 15 dias. Nesses 15 dias, decidi que aproveitaria ao máximo, mas eu e minha irmã estávamos tão tristes e chorando que ela começou a ficar triste também. Nesses mesmos dias descobri que uma pessoa próxima, que conheço estava sofrendo muito pelo pai com câncer. Então não me permitir chorar mais e fazer minha Poli feliz. 
Bom o resultado chegou do laboratório, positivo. Daí então me permitir a chorar sim, pois sabia o que estava por vir, a eutanásia. Como foi difícil agendar o dia e hora. Como ver uma cadela aparamente saudável morrer? Lembrando que foi uma decisão extremamente difícil, pois o tratamento inicial de leishmaniose é 1500, 00 reais. O tratamento não cura, prolonga a vida do cão, que muitas vezes sofre com o remédio forte, é porque chega um momento que não aguenta mais. Outras doenças vão surgindo. E o cãozinho não fala que está sofrendo e com dores, ele vai definhando. Conversei com várias pessoas que passaram por isso. Então decidimos que seria egoísmo da nossa parte deixar ela viver para sofrer, e não podíamos colocar a vida da família em risco mesmo com a coleira especial contra o mosquito que transmite o vírus. E outra, não tínhamos o dinheiro para o tratamento, sou estudante e dependente do meu pai.
Optar pela eutanásia não foi fácil, mas diante dos fatos e motivos foi a melhor solução. Hoje dia 20/09/2016 foi a última manhã de Poli...


Durante os 21 dias de coração apertado, prometi tirar fotos para mostrar como era nosso dia-a-dia. Teve momentos que não teve como registrar, pois, minhas mãos estavam ocupadas abraçando-a. Hoje choro porque quando eu chegar em casa ela não estará para me receber com tanto carinho, mas estou com a consciência tranquila, tirei Poli da rua para ser feliz. E ela foi do início ao fim! 

Hoje 24/09/16 termino de contar a história de Poli, e deixo registrado seus melhores momentos. Mesmo com meu coração destruído de tanta saudade. 

 Primeiro dia que ela tomou um banho no pet!




O dia que ganhou a casinha!





No frio!

Curtindo preguiça!

Com seu amigão!



Com a outra Mamãe!

No Inverno!




Com a Mamãe!

Quando eu chegava em casa ela dava esse sorriso!






Onde ela mais gostava de dormir!













Teve dias difíceis, que não conseguia esconder a minha tristeza!


Mimindo juntas nos horários vagos!







O dia que decidimos a eutanásia.


Depois de muita tristeza, ela tinha essas atitudes!




Meu Amorzinho!

No dia da eutanásia pedi uma última foto, e ela me deu!


Chego em casa e ouço suas patinhas tocando o chão. Eu fecho a porta da sala, pra quando eu sair de carro você não fugir. Eu não faço barulho na cozinha a noite pra não alertar seu sono. Eu não tenho planos para o fim de semana, porque meu plano era não fazer nada com você. Tudo continua igual por aqui. Só falta você com seu fucinho me cheirando caçando um lugar em mim pra dormir...
Você me ensinou que tudo que Deus criou foi feito pra gente amar e cuidar! Você foi e sempre será o  meu amorzinho!